Entrudo de outros tempos Antes da quaresma vem o entrudo.É tempo de desvarios e de folia.Começa algum tempo antes quando a garotada começa a deitar os panelos nas escadas das portas que se apresentam descuidadamente abertas.Latas,cântaros de barro e outras tralhas são atirados com o grito de lá vai panelo! Depois era a corrida para fugir à ira das vítimas. Pela noite dentro poderia ouvir-se chorar o entrudo.Durante o ano eram guardadas as coisas mais caricatas que se iam passando na freguesia e eram contadas em voz alta e cantadas de forma a provocar o riso e a troça das pessoas que ouviam ou que eram motivo de tal acontecimento.Havia autênticos especialistas que eram capazes de versejar com os escândalos. Contaram-me uma dessas situações: uma dada rapariga comprou um pequeno leitão no Inverno que levava consigo para a cama para o aquecer.Tantas vezes esta cena de chorar o entrudo se repetiu que o pai da rapariga para afugentar os meliantes lhes atirou com uma farinheira de trotil,que pôs em fuga a rapaziada. Também nesta altura se faziam as contradanças,que eram ensaiadas e escritas por um chefe ou ensaiador,compostas por cerca de 30 membros,que percorriam a freguesia entoando quadras jocosas.Eram formadas apenas por homens que em falsete imitavam vozes femininas.A última de que há memória teve um tão grande sucesso que até deu alcunha ao ensaiador.Ia este vestido de militar que tão bem aparentava o então Presidente da República,General Carmona,que ficou para sempre com a alcunha de Carmona,apelido que ainda hoje guarda a sua família.Tratava-se de um duelo entre um Cavalheiro e uma Joaquina em que o primeiro cantava e o segundo respondia. Durante todo este tempo apareciam os entrudos disfarçados com roupas estranhas e de cara coberta ,praticando actos pouco recomendáveis que nesta altura eram tolerados dizendo-se que é carnaval e ninguém leva a mal.Havia grandes bailes de roda nas figueiras.
. A Capela
. A Carvalha de São Domingo...