Esperei,prudentemente,alguns dias para escrever sobre as palavras ditas na sessão solene do Dia da Freguesia.A chamada de atenção feita para as dificuldades dos nossos concidadãos não é estranha para quem está minimamente desperto para a actual situação do país.Já o tema introduzido pelo Sr Presidente da Junta sobre o desaparecimento da freguesia é complexo e de grande actualidade. Disse-nos ele que tanto a Junta como a Assembleia de Freguesia são unânimes na condenação e não aceitação de tal proposta. Tudo simples e bem entendido.
Já quanto à posição do Sr Presidente da Câmara fico ,como se costuma dizer,com o bicho atrás da orelha.Disse, então, que ele não apoiaria qualquer alteração sem que houvesse “um amplo consenso” na Assembleia Municipal e que esse “amplo consenso “ não seria metade dos votos mais um ,mas sim um consenso muito alargado sem o qual nada fará ,deixando a solução para o governo.
No dia 13 do corrente foi aprovada na Assembleia da República a nova Lei da reforma das autarquias e sem nenhum consenso.Ora, se os órgãos municipais nada fizerem o governo decretará a criação de um mostro burocrático indesejado: a freguesia de Fundão engolirá as freguesias de Valverde,Donas,Alcongosta e as duas Aldeias.Ficaremos assim com um espantalho que agrupará metade da população do concelho e com duas super estruturas sedeadas no mesmo local ,que financeiramente se apropriarão da maior parte do dinheiro disponível e deixarão em estado de necessidade agravada as outras freguesias .
Acresce que esta solução nem sequer é mais económica por transformar pequenas autarquias em dispendiosos aparelhos políticos,criando apenas aquilo que agora se denomina por “tachos”.Um presidente profissional e a tempo inteiro remunerado como um vereador municipal, mais dois membros com possibilidade de permanência a meio tempo e uma Assembleia de Freguesia alargada para demasiados membros que se tornaria inoperacional e incompetente à imagem da Assembleia Municipal.
Por fim,esta freguesia teria na sua estrutura os cidadãos de 1ª e 2ª categorias e criaria no restante concelho uma espécie de cidadãos de 3ª ou de favor:é que ,,como diz o povo,quem se aquece é quem está perto do fogo e quem está longe longe ficará. Deste modo e não só, presumo eu que o Sr Presidente da Câmara não poderá ficar quieto esperando que do Terreiro do Paço venha uma decisão salvadora que não respeitará a identidade e a ancestralidade de cada freguesia e o serviço que estas autarquias prestam.
Todos terão de assumir as suas responsabilidades e os eleitos a maior de todas as partes,não se demitindo de assumir todas as consequências se formos abandonados ao desprezo centralista governamental.
Amanhã,dia 7,celebra-se mais um Dia da Freguesia de Valverde instutuído em boa hora para celebrar a data histórica da partilha do Carvalhal do Povo - 3 de Abril de 1921.E,neste tempos muito difíceis,é de salientar e louvar a decisão justa e arrojada de partilhar por todos aquilo que não era de ninguém.É,também,um aviso para todos aqueles que sonham com o desmantelar estúpido de freguesias com séculos de existência.
. A Capela
. A Carvalha de São Domingo...