Há já laguns anos que Carlos Mendes cantou uma canção,cujo poema foi escrito por José Niza,que se chamava A Festa da Vida.Neste tempo de basbaques parece-me apropriado atirar ao vento que há mais vida para além destes tro(i)ca tintas.Aqui fica :
Que venha o sol o vinho as flores
Marés canções todas as cores
Guerras esquecidas por amores;
Que venham já trazendo abraços
Vistam sorrisos de palhaços
Esqueçam tristezas e cansaços;
Que tragam todos os festejos
E ninguém se esqueça de beijos
Que tragam prendas de alegria
E a festa dure até ser dia;
Que não se privem nas despesas
Afastem todas as tristezas
Pão vinho e rosas sobre as mesas;
Que tragam cobertores ou mantas
O vinho escorra pelas gargantas
E a festa dure até às tantas;
Que venham todos de vontade
Sem se lembrarem de saudade
Venham os novos e os velhos
Mas que nenhum me dê conselhos!
* José Niza
Vai por aí um espanto por que se anunciam o fim de algumas freguesias, mais precisamente onze. Mas são sempre os mesmos a ficarem espantados quando as coisas acontecem ou em vésperas dos anúncios. Aparecem agora as carpideiras e os defensores acérrimos das freguesias e dos coitados dos seus habitantes. Lacrimejam e choram baba e ranho ,dizem agora palavras consoladoras e revoltantes ,praguejam contra tudo e todos, juram resistência e vingança. Não querem acordar e presumem que com convites e alcoviteirices ainda podem alterar o destino. O destino que eles próprios traçaram ao descuidar as suas obrigações de dar bem estar , progresso social e económico às populações. Em vez disso foram bajuladores de interesses festeiros e festivaleiros de cavaleiros sem ideias e sem escrúpulos .Fizeram festas e festas ,gastaram a pólvora em foguetes de circunstância e recepções parolas de corte provinciana ignorante.Bajularam e beijaram anéis de senhores temporários vazios de dignidade e descuidaram o trabalho e a dignidade da defesa das suas terras ,por que pretenderam aceder a benesses ou subir na consideração social .Ficaram loucos de espanto com o a acesso fácil aos meios de comunicação que lhes recebiam prosaicas gabarolices.Não cuidaram de respeitar e valorizar a antiguidade e a dignidade das suas terras e das gentes.Como diz o povo : amanharam-se. Vociferam agora;melhora fora que se arrependessem e em gesto de dignidade (serão capazes?) fossem capazes de pedir desculpa.
SÃO MIGUEL
Cada vez que alguém me falava sobre o São Miguel e a sua história ,as pessoas ,quase invariavelmente,terminavam da seguinte forma:
- Não acredita ? Mas olhe que é verdade ! Sempre o ouvi contar.
Tenho tentado chegar a uma situação que me ajude a compreender esta lenda e tentar localizá-la no tempo.Já o ano passado aqui me referi a este assunto e este ano penso juntar mais algumas observações.
Em 1758 respondendo ao Inquérito sobre os efeitos do terramoto de 1755,o Cura de Valverde,Paulo Quaresma Soares,escreve na resposta ao ponto nº 7 o seguinte:
«O seu orago é São Miguel,o Anjo,e tem a Igreja três altares : o mayor com o dito santo e os collateraes ,o da parte do Evangelho com as imagens de Christo Senhor Nosso crucificado e Sam Brás,e da parte da Epistola a imagem da Senhora do Rosário e Sancta Anna…».*
No inventário dos bens da Igreja feito em 20 de Abril de 1837 nada consta sobre imagens.**
No inventário dos bens da Igreja feito em 13 de Outubro de 1858 feito pela Junta da Paróquia,consta o seguinte :«« um altar mor ;dois altares colaterais;uma cruz grande de pau com crucifixo;uma imagem da São Braz;uma imagem de Nossa Senhora do Rosário; uma imagem de Nossa Senhora do Rosário pequena;uma imagem de Santa Ana,uma imagem de Nossa Senhora da Piedade;um Menino Jesus de vestir»».**
Em 1872 a Junta da Paróquia decidiu que a festa do Santíssimo Sacramento era feita em conjunto com a de São Miguel,no dia 27.**
As imagens referidas em 1758 e 1858,um século depois,são praticamente as mesmas,com excepção da falta da imagem de S. Miguel no inventário de 1858,sendo que só 1872 se fala na festa do São Miguel.
Poderá isto querer dizer que depois de 1758 até 1858 ou 1872 a paróquia teria estado sem a imagem do padroeiro e que só mais tarde (1872) teria uma nova imagem para fazer a festa ?
. A Capela
. A Carvalha de São Domingo...