Vivem-se tempos crispados na nossa terra.A queda portuguesa para desdenhar daquilo que é nosso e valorizar aquilo que é dos outros tem vindo a sublimar-se também em Valverde.Vem isto a propósito de ter lido e ouvido que a nossa terra não tem património digno de registo.Isto,quanto a mim,é um erro crasso.E não falo apenas do património arquitectónico;mas até poderia falar dele,o que farei noutra altura.Direi apenas que o património construído é de real valor.Há outros patrimónios que têm sido esquecidos.Refiro-me ao património cultural,gastronómico,social e humano.Este último será o de maior grandeza.Esta terra que todos os valverdendes integram,cada um à sua maneira,é o de maior grandeza.
Um destes dias recebi um agradável telefonema de um bom valverdense que há largos anos se encontra ausente mas que nunca nos esqueceu.Segue atentamente a vida da freguesia pelos blogs e pelo Jornal do Fundão,de onde tem recolhido informação e fotografias de conterrâneos seus e nossos.Grande é esta dedicação e afecto à sua e nossa terra! Apetece dizer :Bem Haja por não nos ter esquecido.Isto é,sem dúvida,o maior património humano e social dos valverdenses.
Também no sábado de Páscoa um outro valverdense a quem a vida obrigou a deixar a sua terra para trabalhar na grande cidade ,me contava que uma sua neta ,que frequenta o 4º ano de escolaridade,encontrou em sua casa um livrito sobre a história de Valverde.Leu , gostou e levou para a sua Escola.Ali descobriu a lenda da Fonte da Moureta que encheu de curiosidade os colegas e professora.De tal maneira gostaram da pequena história que decidiram trabalha-la ,dramatizaram e encenaram para um espectáculo de natal da escola.Contou-me babado que tinha sido qualquer coisa tão importante para ele ouvir falar naquela terra onde mora da sua terra natal que lhe vieram as lágrimas aos olhos.Aqui está o nosso património cultural,não tenhamos vergonha de nós,da nossa terra,das nossas gentes residentes e ausentes.
Nos Livros de Actas da Junta de Freguesia,em Maio de 1858, pode ler-se o seguinte: No Adro junto à porta travessa da Igreja da parte do Norte há duas campas de pedra que cobrem as sepulturas em que jazem os corpos de inidivíduos que foram membros desta freguesia,as quais por estarem mais elevadas do que a terra,fazem correr as águas quando chove para dentro da Igreja,o que causa uma ruína no pavimento do edifício e por esta razão determina esta Junta que sejam intimados os familiares a quem aquelas pertençam para fazerem rebater as ditas campas até que fiquem na profundidade que não empeçam a corrente das águas.O que também se ordena ao Regedor para se levar a efeito.Assinam esta Acta -O Presidente,Joaquim Manuel da Silva Leal;Os vogais,José dos Santos Ramalho e Paulo José Custódio;O Regedor,José Lopes Nogueira;O Secretário,José Rodrigues de Ascensão.
Um pouco de história não fica mal em tempos conturbados,acho eu.
. A Capela
. A Carvalha de São Domingo...